Mateus defendeu Diana da sua dupla morte
Chamou firmemente de covarde.
A mídia que expõe a dor que no asfalto arde.
É um jovem com uma indignação latente.
Que partiu para a defesa de Diana de forma renitente.
Assim defendeu Diana da sua dupla morte.
Ao meio que avança como abutre sobre a mulher que a rua ferozmente morde.
Ele avisa que denunciar é respeitar mesmo depois da morte.
Menino no qual habita a realidade do descontente.
Luta com vigor contra o sistema midiático inclemente.
Assim defendeu Diana da sua dupla morte.
O corpo dela morto, violado, em vida teve a mesma sorte.
Por isso Mateus defendeu Diana, para quem lutar pela vida já era muito tarde.
E olhe que não se trata de uma batalha inocente.
Ele sente na pele (e na alma) a injustiça que impera diuturnamente.
Assim defendeu Diana da sua dupla morte.
Não a conheceu viva, mas a defendeu fazendo alarde.
Porque ela sofreu pela sanha da mídia, que destrói até depois da morte.
Que Mateus ocupe o seu lugar no mundo, continuamente.
E que a memória de Diana nos mova para que a justiça viva na gente.
Assim defendeu Diana da sua dupla morte.
Que agora uma semente germine no chão daquele corpo inerte.
Frutificando esperança e força para a luta por uma mídia decente.
*Fiz esse texto logo depois da primeira audiência resultante do Inquérito Civil Público, em 6/10/2017, impetrado pelo Ministério Público de Pernambuco contra o jornal AquiPE, motivado por um Nota de Repúdio publicada por 25 entidades da Sociedade Civil Organizada contra o referido jornal. O AquiPE havia publicado, no dia 1/9/2017, na sua capa, uma foto da moradora de rua Diana - mulher pobre e negra, morta pelo "companheiro" - com a genitália à mostra, numa violação nefasta a vários direitos fundamentais. Na audiência, o estudante de comunicação da UFPE e integrante do Observatório de Mídia, Mateus Luiz, fez uma defesa forte e emocionada de Diana, denunciando a violação dos direitos humanos pelo jornal. Esse texto é em homenagem a Diana e a Mateus.
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