DesolAção
A ignorância deu lugar ao ódio
Que levou em um sopro o que era vitória
O explorado não teve mais seu ópio
E o opressor ganhou dias de glória
Tende piedade da gente.
Então chegou a solidão
O buraco instalado pelo sonho vazio
A esperança foi embora no bico do gavião
Nem céu nem mar, tudo virou chão frio
Tende piedade dessa gente.
Meia-volta volver, é dito ao trabalhador
Suor, lágrima e arrepio
Sede, fome, silêncio e estupor
Pisaram, eliminaram, arrasaram o seu brio
Tende piedade de todas as gentes.
Ergue a carcaça e sai em caça
Não é hora para se tornar arredio
Ao contrário, o momento exige raça
Movimento, união e enfrentamento ao desafio
Tende medo dessa nossa gente, que de luta entende e vence.
*Reprodução de fotografia de Sebastião Salgado/Livro Trabalhadores. Capturada da internet.