Eu e a minha consciência pesada...
Consciência pra lá de pesada. Não estava avançando na tese como deveria. Era fevereiro deste ano. Minha orientadora manda um e-mail cobrando, embora nem seja do feitio dela pegar no pé... (É minha orientadora-amiga, mas nessa hora senti que era a orientadora em ação). Mas eu estava merecendo... Marcamos um encontro na casa dela. Passei a semana pensando como iria justificar o injustificável: estava numa roda-viva de atribuições e voluntariados que me fez desacelerar a escrita da tese. Chegou o dia. Ela marcou às 17h. Perdi-me para chegar na casa dela. (O cão atenta quando você sabe que está falhando). Estacionei na frente do prédio umas 17h20. Toda errada...
O porteiro interfonou. Subi. Ela abriu a porta, vestida de roupa de malhar. Alta, magra, esguia. (Quem a conhece sabe o que estou dizendo). Coloquei o pé (esquerdo) dentro da sala já com cinco quilos a mais. Perguntei: “Vai agora pra academia?”. Ela disse: “Não, só às 18h”. Vi que me atrasei e somente teria uns trinta minutos para tecer meu rosário de explicações... Achei pouco tempo, mas também fiquei aliviada porque não tinha muita coisa escrita para mostrar... “Foi justo”, pensei. Depois ela questionou: “Achou rápido o endereço?” Eu: “Sim...”
Sento no sofá. Abro o meu computador. Começo a procurar o arquivo da tese. Parece que algum vírus havia dado sumiço na pasta... Eu: “Oxe, cadê o arquivo?”. “Ah, achei!”. (Era eu que estava enrolada...). Nisso, eu começo a explicar o que já havia pesquisado, como estava a introdução, o sumário... Então ela me interrompe e diz: “Você está caminhando?”. Respondo: “Nada, nem caminhando, nem malhando, fazendo nada, nadinha, estou parada...”. Ela explica: “Estou perguntando: caminhando na tese”. Ãããã? Eu agora, com dez quilos a mais, ri sem graça e disse: “Pouco, mas vou focar”. E assim continuo na saga da tese... Doutorado acaba com a gente. Consciência pesada também. Quem é certinho, então... (Ainda pretendo rir muito com ela dessa situação. Mas só depois que avançar mais na pesquisa.)